Arquitetura Sacra

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ARQ EDUARDO FAUST | CAU A44041-8

Graduado pela Universidade Federal de Santa Catarina UFSC.
Pós-graduado em Espaço celebrativo-litúrgico e arte-sacra na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia de Minas Gerais FAJE.

Em 2005 fundou o escritório FAUST ARQUITETURA

Assina a autoria de mais de 300 construções ligadas a Igreja em mais de 200 cidades em 21 estados no Brasil, México, Portugal, Índia, Timor Leste e RD Congo.

Ministra palestras e Cursos em Arquitetura Sacra. Professor de Pós-Graduação na FASBAM

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segunda-feira, 23 de março de 2015

■ Igreja Matriz São Domingos | Navegantes SC | Autor Ed.Faust





■ Localização | Rua José Francisco Laurindo, São Domingos. Navegantes SC
■ Diocese de Blumenau
■ Pároco | Frei Flávio Barbosa OCarm
■ Autor [Arquitetura, Iluminação, Mobiliário/
Artesanato Litúrgico] | Arq Eduardo Faust
■ Projeto arquitetônico, luminotécnico, Mobiliário/Artesanato Litúrgico | FAUST arquitetura & engenharia ■ Equipe | Arq G.da Luz; Arq R.Campos; Arq W.Hodecker■ Autor Pintura [Ícone] | Antônio Batista
■ Projeto e execução estrutura metálica | TM Signs













Uma bela São Domingos
Texto | Arquiteto Eduardo Faust e Jornalista Nane Pereira 
Publicado no Jornal da Diocese de Blumenau 

Guiada pelos conceitos e símbolos da liturgia católica, a obra mostra que é possível manter a tradição da Igreja com a arquitetura do século XXI


Com referência na rica história da arquitetura de igrejas, atualizado para as técnicas construtivas e para a linguagem da arquitetura contemporânea, respeitando o Concílio Vaticano II, a reforma da Igreja Matriz São Domingos de Gusmão, no bairro São Domingos, em Navegantes, Santa Catarina, mostra que é possível manter a tradição da Igreja com a arquitetura do século XXI. Depois de um ano de muito trabalho e dedicação, a comunidade recebeu a nova Matriz São Domingos no dia 5 de novembro de 2014.






Ascenção de Cristo - Rembrandt 1636






O responsável pelos projetos arquitetônico, mobiliário litúrgico, artesanato litúrgico e projeto luminotécnico, é o arquiteto Eduardo Faust , especialista em Espaço Celebrativo Litúrgico e Arte-sacra. “Na edificação em si, basicamente se manteve a estrutura, algumas paredes e a cobertura. No interior foi mantido o ícone pintado aos fundos, os patamares do presbitério e os bancos. Foram criados batistério, capela do santíssimo, mezaninos, iluminação, forro, altar, espaço para os padroeiros, capela da reconciliação, escadas, torre, fachadas, coberturas, portas, janelas, revestimentos de parede e piso”, declara.





Faust diz que no presbitério foram criados volumes vazados de madeira que, além de enfatizar as imagens dos padroeiros, emoldura o Pantocrator e o presbitério como um todo, evidenciando a centralidade do Altar. “Com esta configuração temos: altar no ponto foco de uma assembleia semicircular; ambão à direita; sédia alinhada com o altar. Aos fundos o ícone do Cristo Pantocrator é emoldurado pelas imagens de São Domingos de Gusmão e da Nossa Senhora do Carmo. A mesma estrutura que apoia as imagens se projeta ao longo da assembleia conduzindo o presbitério até a nova porta central, antes localizada na lateral”, explica o arquiteto.








As áreas cobertas externas foram incorporadas ao interior, gerando a capela do santíssimo e o batistério. Conforme Faust, ambas são marcadas por pilares com desenhos inspirados nas árvores do paraíso: Árvore o conhecimento do bem e do mal, brota das águas da pia batismal em formato octogonal (oitavo dia). “Quando o cristão é batizado ele nasce em Cristo, que em sua ressurreição (oitavo dia) resgata Adão dos seus pecados (conhecimento do bem e do mal). A árvore da vida está simbolizada simetricamente no lado oposto da nave, junto à Capela do Santíssimo”, complementa.  




Já na parte externa, Faust diz que a obra tem como inspiração exemplares da Igreja Paleocristã, de formas arredondadas, destacando externamente a volumetria da nave central, da capela do santíssimo, do batistério e da capela da reconciliação. “O maior destaque fica pela torre, simbolizando a “Ascensão de Cristo”, a grande Cruz está fincada ao solo simbolizando a passagem de Jesus (o homem) na terra e paredes circulares recortadas nos levam ao alto, encontrando o topo da Cruz simbolizando Jesus, o Cristo (o Deus)”, afirma.


San Piero a Grado (Toscana) SEC X




















 O arquiteto
Eduardo Faust é arquiteto e urbanista, graduado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), pós-graduado em Espaço Celebrativo Litúrgico e Arte-sacra pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia de Minas Gerais (FAJE). Sócio-fundador da empresa Faust Arquitetura, em 2005, ele assina a autoria de 74 igrejas, 22 salões paroquiais, 19 centros de evangelização, três sedes de ação social e quatro casas paroquiais, em 11 estados e mais de 30 cidades. Além disso, participou de outros projetos e obras como consultor. Ministra cursos e palestras em Arquitetura Sacra. Escreve para a revista Paróquias e Casas Religiosas de São Paulo e possui projetos publicados em vários veículos de imprensa. O projeto da Igreja Santa Teresa Dávila, de Águas Mornas, foi exposto na VII Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo.







sábado, 29 de setembro de 2012

■ O que é um ÍCONE

Estou aqui publicando na íntegra duas matérias que falam muito bem do assunto. Elas são de autoria do virtuoso artista sacro e iconógrafo Walter Welington, link do blog Atelier Santa Cruz.

Observações sobre a matéria.:
O filme Andrei Rublev (1966) de Andrei Tarkovsky é uma boa dica para entender a história do Iconógrafo.


ANDREI RUBLEV | Anunciação , Catedral da Anunciação 1405


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Conforme a definição técnica, ícone é a representação de uma personagem ou cena em pintura sobre madeira, não raro recoberta de um metal precioso (geralmente ouro), ela própria considerada sagrada e objeto de culto. A palavra “ícone” deriva do grego eikóna , que quer dizer “imagem, representação, gravura ou figura” O novo testamento aplica esta palavra a Cristo, quando diz que “Ele é a imagem do Deus invisível” (Cl 1,15).

Não se pode definir o ícone somente pelos aspectos exteriores, seria limitá-lo demais. Nele une a teologia, a arte, a liturgia e uma tradição canônica em sua confecção que remonta os primeiros séculos do cristianismo nascente. Podemos dizer, então, que é uma pintura, geralmente portátil, de gênero sagrado, executada sobre madeira com uma técnica particular, segundo uma tradição transmitida pelos séculos.Os ícones são parábolas dogmáticas, por isso eles não são belos como as obras de arte, mas como a própria verdade. E a verdade dispensa explicações, porém a explicação da verdade não elimina seu mistério.


“Enfim, Deus revela Sua Face Humana,
a Palavra se torna objeto de contemplação”
(Pavel Evdokmov)


“O ícone transcreve pela IMAGEM
a mensagem evangélica
que a Sagrada Escritura
transmite pela PALAVRA”
(Catecismo da Igreja Católica, 1160)
A PALAVRA SE FAZ IMAGEM
Os ícones haurem toda sua significação do mistério da Encarnação do Filho de Deus. Ele próprio, o ícone, a imagem do Deus invisível, é o molde ou modelo, segundo o qual se deve esculpir na alma a Imagem da Divindade que nos criou até “atingir o estado de homens feitos, de acordo com a idade madura da plenitude de Cristo” (Ef 4,13). Pois que cada ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1,26s; 5,1). Nesse sentido, com a Encarnação do Filho de Deus torna-se possível descrever sua imagem baseando-nos nos aspectos históricos, culturais e geográficos de sua época.

No contexto histórico firma-se sua humanidade, nascimento, infância, fase adulta e morte. O aspecto cultural exprime os traços idéias da pessoa de Cristo Deus-Homem: a figura do Bom Pastor, Cristo Mestre, Taumaturgo, Doador da Vida, dentre outros. Os traços geográficos revelam sua etnia e costumes.


A IMAGEM ACHIROPITA
São chamadas Achiropita, isto é, “não feitas por mão humanas”, algumas imagens devidas a uma intervenção prodigiosa. No mundo ocidental é conhecido o relato de Verônica (vero + ícone = verdadeira imagem) que, segundo a lenda, enxugou o rosto de Cristo em sua passagem na via sacra, ou seja, enquanto Jesus era conduzido ao Gólgota para lá ser crucificado. Conta tal episódio que ela, compadecida das dores de Cristo, quis enxugar o seu rosto que se encontrava ensanguentado devido o flagelo e teve a surpresa de ver impresso no linho a Sagrada Face.
No mundo oriental o Achiropita conhecido é o Mandillyon, nome aramaico e árabe que significa “toalha”. Tradicionalmente designa o linho sobre o qual Cristo imprimiu milagrosamente os traços de seu rosto e que mandou ao rei Abgar V, de Edessa, atual Urfa, na Turquia.
Outra imagem “não feita por mão humana” é o tão conhecido Santo Sudário, única ainda conservada. É aquela que José de Arimatéia e Nicodemos envolveu o corpo de Jesus retirado da cruz e o banhou com uma mistura de mirra e aloés, como os judeus costumavam sepultar. Este relato se encontra na Sagrada Escritura, no evangelho de S. João (19, 38-42; 20, 3-8).


S. LUCAS, O PRIMEIRO ICONÓGRAFO MARIANO
Enquanto as primeiras imagens de Jesus Cristo foram impressas de forma prodigiosa, ou seja, “não feita por mão humana”, a tipologia mariana foi inspirada por S. Lucas. Segundo uma antiqüíssima tradição a Mãe de Deus teria posado, segurando o menino-Jesus no colo, para que o evangelista a pintasse inspirado por Deus (assim representado por um anjo). O produto dessa imagem seria o modelo de todos os ícones marianos que subsistem.
O primeiro a acolher, por escrito, a tradição da autoria lucana dos ícones da Mãe de Deus foi o escritor grego Teodoro, o Leitor, no século VI, eu sua “História Eclesiástica”. Remontando uma tradição corrente no século V, ele narra a transferência do ícone de Hodghítria, de Jerusalém para Constantinopla, por iniciativa da Imperatriz Eudóxia, e registra que essa tradição atribuía a venerável imagem a São Lucas.
É perceptível pela comparação dos evangelhos sinóticos que S. Lucas busca tratar do tema da infância de Jesus com mais detalhes e, nisso, inclui sua mãe e, por isso, podemos concluir a veracidade do fato de que ele foi o primeiro a escrever em imagem (iconógrafo: ícone, “imagem” + grafo, “escrita”), senão em madeira, ao menos em rolos de pergaminhos.

O ICONÓGRAFO

O autor de ícones é chamado iconógrafo, que significa “aquele que escreve ícones”. Em relação ao artista, não se diz, portanto, que pinta ícones, mas que os escreve.
No passado, o iconógrafo era, sobretudo, um monge, enquanto familiarizado com a vida espiritual: na oração, no silêncio, na ascese, no jejum. Ele mergulhava no mundo ultraterreno e, vivendo em companhia dos santos, podia melhor exprimir o rosto e o mistério. O costume da oração e da disciplina monástica se tornava, assim, importantes componentes da ação do artista. Como modelo exemplar de monges iconógrafos, citamos: Andrei Rublev e Dionísio de Furná.
A igreja ortodoxa, ao lado de várias ordens dos santos: confessores, mártires, doutores, virgens etc., coloca também os santos iconógrafos, cuja arte é considerada um testemunho evidente de santidade. Entre eles enumera-se Santo Alípio, pintor de ícones do mosteiro das grutas de Kiev e o, já citado, Santo Andrej Rublev, canonizado pela Igreja eslava.
O Concílio Moscovita dos “Cem Capítulos” (1551) traça um exigente perfil do iconógrafo, apontando as qualidades que se deve cultivar e os defeitos a serem evitados: “o pintor de ícones deve ser humilde, dócil, piedoso, pouco falante, não zombador, não briguento, não invejoso, não beberrão, não gatuno e deve conservar a pureza da alma e do corpo”.

A ORAÇÃO E O JEJUM

Em nossos dias não há uma exigência de que seja, o iconógrafo, um monge, mas que esteja intimamente ligado à sua Igreja local e que tenha uma vida íntima de oração, pois ao pintor diz respeito somente o aspecto técnico da obra, mas toda a sua organização (diátaxis, portanto, disposição, criação, composição) pertence e depende claramente dos Santos Padres.
Logo, sem oração, o iconógrafo encontra-se morto para o mundo espiritual e ainda que possuísse perfeitamente a técnica do ícone, a sua obra sempre seria sem alma.
Existe um modelo específico de oração para o iconógrafo iniciar o seu trabalho e que se encontra nos manuais de iconografia:

“Oh Divino Mestre! Ardoroso artífice de toda a criação. Ilumina o olhar do teu servo, guarda o seu coração, rege e governa a sua mão para que, dignamente e com perfeição, possa representar a Tua Santa imagem. Para a glória, a alegria e a beleza da Tua Santa Igreja”.

E, enquanto é executada a obra, mentalmente, invoca-se ininterruptamente o nome de Jesus, na breve oração:

“Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus vivo, tende piedade de mim”.
O melhor jejum para o iconógrafo é o da visão, pois, conforme o dizer popular: “os olhos são as janelas da alma”, é pelo sentido da visão que se pode entorpecer diretamente a alma pura. Nesse sentido a busca pela face do Senhor, conforme canta o salmista: “Tenho os olhos sempre fitos no Senhor” (Sl 24, 15), santifica a visão e o interior e o fortalece no cumprimento do seu ofício de “escritor” da imagem sacra.

O SERVIÇO DIVINO

O iconógrafo é um missionário da beleza incriada. Sua missão é tornar visível com traços e cores o espiritual, ou seja, o Divino.
O homem que cria imagem de culto não é um artista no nosso sentido. Não cria, mas serve à presença, contempla. A imagem de culto contém algo. Está em relação com o dogma, o sacramento, a realidade objetiva da Igreja. O artista de imagens de culto requer uma e missão por parte da Igreja. Seu serviço será um ministério.

AS REGRAS DO ICONÓGRAFO

I. Antes de iniciar o trabalho, faça o sinal da cruz, ora em silêncio e perdoa os teus inimigos;
II. Faça várias vezes o sinal da cruz durante o trabalho, para fortificar-se física e espiritualmente;
III. Conserva o teu espírito longe das distrações e o Senhor estará perto de ti;
IV. Cuide de cada detalhe do teu ícone como se trabalhasse diante do próprio Senhor;
V. Quando escolher uma cor, eleve interiormente tuas mãos ao Senhor e peças conselho;
VI. Não sejas invejoso do trabalho do teu próximo;
VII. Terminado o teu ícone, agradeça ao Senhor, porque a Sua misericórdia concedeu a possibilidade de pintar as Santas Imagens;
VIII. Seja tu mesmo, o primeiro a orar diante do teu ícone;
IX. Jamais esqueças:
- a alegria de difundir os ícones no mundo;
- teu trabalho deve ser de felicidade;
- tu serves, comunicas e cantas a Glória do Senhor através do teu ícone.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

■ Como foi a II Semana de Arquitetura Sacra em Maringá.PR

Aconteceu em Maringá no Centro Pastoral Senhor Bom Pastor, a II Semana de Arquitetura e Arte Sacra organizado pela Diocese de Umuarama, mais especificamente pela Arquiteta Angela Laino, os Padres Claudemir Capriolli, Jéferson Cruz e equipe [Ingride, Caroline, Anselmo, etc..].


Aproveitando a presença de Claudio Pastro,  eu e o artista plástico Silvio mostramos e debatemos nossos trabalhos  no dia que antecedeu o evento.


Farei algumas considerações sobre o conteúdo do evento:

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 Evento/Programação

Compuseram a lista de participantes: padres, seminaristas, arquitetos, pintores e estudantes. A troca de informações foi grande, principalmente em torno dos trabalhos expostos no átrio do edifício.

Além das palestras a programação foi enriquecida com eventos extras como a apresentação do coral  Arautos do Evangelho, mesas redondas e etc.

Centro Pastoral Bom Pastor


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██ Palestras


█ Cládio Pastro

Abrindo o evento Pastro deu ênfase aos efeitos nocivos do uso da iluminação artificial e da sonorização em nossos corpos. Listou os pontos de dissonância desses meios com a preparação corporal/mental para a experiência espiritual. Este tema também foi utilizado como alívio cômico da palestra: "temos aguentar este pirulito [microfone] entre eu e vocês"

Outro significante em seu discurso foi a importância da oração e do aprendizado da palavra na santa missa.

Num segundo momento ele mostra parte de seus trabalhos, dando mais atenção a Basílica de NS Aparecida  e obras no exterior. Neste momento ele mostra um conhecimento singular sobre referências tipologias de escolas e linguagens da arte sacra em diversos lugares do Brasil.

Na arquitetura sacra não temos um referencial, um arquiteto sacro que seja ícone da arquitetura sacra pós-moderna ou moderna brasileira. Porém na arte sacra temos -Claudio Pastro. Minha dúvida era se esta escola foi criada por ele de forma consciente. E é ai que vem o ponto mais importante da palestra: Enquanto ele unia o ícone bizantino ao desenho livre de modernistas como Matisse, ele não só queria criar a arte sacra moderna como o ícone brasileiro.

CLAUDIO PASTRO | Capela do Seminário Agostiniano. Maringá.PR 

█ Dom Ruberval Osb

Participando de todo evento o Frei Beneditino foi inspirador como sempre, teoricamente o tema era sobre as cores no espaço sagrado, porém alguém de tamanha cultura acaba por expandir todos temas "eu abro uma parênteses, depois outro parênteses e  outro parênteses e outro parênteses e outro parênteses, ao final fecho dois deles". O que mais me impressiona é que cada pedaço do conteúdo foi nitidamente produzido com longa reflexão intelectual e pessoal somada a farta fonte bibliográfica.

Ao fim ele mostrou o antes e o depois de uma correção que feita por ele em uma de suas obras, ilustrando como uma obra sacra não deve mostrar o artista e sim o sagrado.

Uma coisa que chama a atenção em ambos artistas é o respeito profundo pelas religiões, dando ênfase ao contato com sagrado e não a retóricas institucionalizadas.

DOM RUBERVAL OSB | Igreja Nossa Senhora das Graças. Maringá.PR 

█ Pe.Gustavo Hass e Angela 

Ambos embasaram suas palestras nos documentos da Igreja, alertando ao verdadeiro sentido dos elementos litúrgicos a luz do concílio vaticano II.

█ Pe Claudemir Capriolli com Angela 

Mostraram os fundamentos e de forma prática a importância das comissões diocesana de arte sacra, além de explicar o processo de desenvolvimento do projeto arquitetônico.

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█ Carta de Maringá

Os debates nas mesas redondas geraram um documento batizado como Carta de Maringá, nela foi listado os principais pontos para darmos mais passos para a implementação da arte e arquitetura sacra.
Dois pontos foram enfatizados:
- A necessidade do ensino de espaço litúrgico e arte sacra nos seminários
- A obrigatoriedade do Clero em contratar Arquitetos e Artistas especializados em obras sacras.







Obs.: A arte gráfica do cartaz é do artista plástico e designer Anselmo, as fotos foram captadas por mim e por colegas variados participantes do evento.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

■ IGREJA NOSSA SENHORA DE FÁTIMA | PROJETO Arq Eduardo Faust





CONCEITO

01 | VIRGEM MARIA

A Vesica Piscis é um símbolo universal na arte sacra, presente em muitas religiões, acumulando o mesmo significado: da criação, da concepção.
A forma deste edifício igreja representa a criação e o nascimento de Cristo por Nossa senhora de Fátima. A Vesica piscis é o ventre de Maria, Jesus no Altar e os fiéis na assembléia, todos filhos de Nossa Senhora.




02 | O ALTAR E A MARKABAH

A centralidade da liturgia está no cenáculo, um templo é construído para celebrarmos Cristo, cumprindo o rito da santa ceia. O Altar pode também ser chamado de: Quadrado do Mundo, Centro da Terra, condução de Deus.
Por estes motivos temos o altar no ponto exato central da Igreja [centro da terra e centro da liturgia]
Em toda estenção longitudinal da cobertura do templo, temos uma claraboia desenhada com vitrais, contando a historia de Nossa Senhora. Ao centro deste vitral inserido numa vesica piscis temos o Pantocrator. Exatamente disposto sobre o altar ele faz a comunicação entre o divino [patocrator inserido numa forma originada do círculo divino] com o terreno [o altar quadrado forma que simboliza o terreno] Simbolizando o Altar [Jesus] a Markabah [condução de Deus].

03 | 4 RIOS DO PARAÍSO

Do altar brotam os 4 rios do paraíso que originam os oceanos da terra que trazem o sustento. Na simbologia do templo trás o alimento espiritual.
Além de acentuar a centralidade e dar destaque ao Altar, a cruz na planta do edifício simboliza os 4 rios citados.


04 | LINGUAGEM

Com o Concílio Vaticano II temos a volta às origens da igreja católica, assim devemos dispor somente dos elementos necessários para a celebração, sem interferência de objetos que não estejam ligados a liturgia. Algo simples, porém, belo. Algo Belo mas sem ostentação. Deve-se tomar cuidado, para que esta “limpeza” no templo não o transforme num espaço frio e estéril.
Em relação a linguagem arquitetônica, o mesmo tratado indica que a Igreja deva estar em sintonia com seu tempo.
Partindo destes princípios, o Templo foi desenhado com linguagem contemporânea, ilustrando a imagem de seu tempo. Com o auxílio do uso dos materiais, buscou-se não a linguagem das antigas igrejas, mas sim o seu calor, seu aconchego, seu silêncio, sua experiência de Deus.







quinta-feira, 15 de abril de 2010

■ PANTOCRATOR

Em muitos momentos deste blog a figura do Pantocrator será citada. Veja a análise feita por mim com a orientação de Dom Ruberval OSB.

■ DESCRIÇÃO

Imagem em auto/baixo relevo esculpida provavelmente em uma pedra, o fato da imagem estar em preto e branco, dificulta esta análise. A composição da escultura é baseada um eixo vertical de simetria, com detalhes distintos ao longo deste eixo. O eixo citado é baseado na simetria de um homem que se encontra ao centro da figura. Este homem está envolvido por uma vesica piscis (ou mandala= amêndoa) com seus vértices no eixo central da figura. A parte inferior da vesica piscis está delicadamente apoiada sobre uma base, sobre esta base encontram–se dois personagens: a esquerda um Touro e a direita um Leão. No ponto superior a esquerda da vesica piscis encontra-se uma Águia e direita um Anjo. Estes 4 personagens formam os vértices de um retângulo imaginário que a vesica piscis está inserida. O embasamento está alinhado em ambas laterais.

As linhas que desenham a vesica piscis são adornadas com motivos geométricos, em seu módulo parece intercalar: um círculo com outro círculo em seu interior > um losango com outro losango em seu interior.

■ Descrição dos 5 personagens citados:

■ Homem ao centro

Cabelos longos repartidos ao meio tipo capacete, sem barba [imberbe] nem bigode. Atrás de sua cabeça encontrasse um circulo limitado pela vesica piscis, inserida neste circulo encontra-se uma possível cruz. Ele está vestido com túnica e sandálias, um detalhe da roupa que cai sobre seu ombro esquerdo evidencia a sua barriga grande. A Sua mão direita [a esquerda do observador] esta entendida á altura de seu ombro com a palma virada para que possamos ver. Os dedos: médio, indicador e polegar estendidos, pela imagem não pode se notar se estão levemente flexionados ou não. Os dedos: mínimo e anelar então abaixados. Este gesto faz com que sua mão saia do limite da vesica piscis que o envolve. A sua mão esquerda [a direita do observador] está sobre um livro aberto, mostrando as páginas do mesmo, o livro está apoiado sobre sua coxa esquerda. A outra perna está disposta de forma mais descansada. Ele está sentado num trono. O acento do trono possui adornos uma borda com motivos geométricos e o restante com outro padrão de motivos geométricos. Pode-se visualizar parte do encosto que também é ricamente adornada.

■ Águia [a cima - a esquerda]

É representada de perfil com a cabeça voltada para o centro e seu olho para focalizar o rosto do homem ao centro. Em sua cabeça vemos uma aureola e atrás existe um elemento compositivo que aprece ser sua asa erguida, ela faz um desenho que fecha o retângulo e toca a vesica piscis na parte superior.

■ Anjo [a cima - a direita]

É representado de frente e se acomoda como se estivesse escorado na vesica piscis. Com a cabeça levemente virada para o centro ele olha para o rosto do homem ao centro. Em sua cabeça vemos uma aureola, a partir de suas costas vemos uma asa que toca a ponta da vesica piscis fechando o retângulo. Em suas mão ele abaixo de seu braço esquerdo ele segura algo que não consigo descrever.

■ Touro [a baixo - a esquerda]

É representado de perfil e está voltado para o lado esquerdo da figura [para o lado de fora] Sua cabeça está voltada para esquerda [para fora] para onde também direciona seu olhar. Podemos ver uma asa à frente que cobre todo seu corpo e vemos a sua segunda asa nos fundos erguida fechando o retângulo. Ele possui aureola.

■ Leão [a baixo - a direita]

É representado de perfil e está voltado para o lado direito da figura [para o lado de fora] Porém sua cabeça está voltada para esquerda direcionando seu olhar a cabeça do homem ao centro da figura. O corpo está dividido em duas texturas diferentes, a traseira parece ser de um leão e a frontal fica difícil de descrever. A cabeça também fica difícil de descrever, sendo mais próximo de leão. Sendo assim consideremos que é um leão.

■ INTERPRETAÇÃO

A figura é um Cristo Pantacrator [pantokrator] pintado muitas vezes no interior de cúpulas sobre o local onde os fieis recebem a comunhão. É o elemento que comunica o terreno ao divino. O pantocrator pela própria etimologia da palavra significa Todo poderoso, símbolos que fazem menção a este conceito estão dispostos na imagem, como veremos mais a frente.

O pantocrator é representado na maioria das vezes em busto, sendo o principal motivo a ênfase a sua expressão facial como “centro” da imagem. E mesmo sem cores e representado de corpo inteiro, o artista neste trabalho consegue manter a face como principal elemento. Simbologia dos personagens da figura: Jesus Cristo:

Na mão direita, Ele faz o com os dedos erguidos sinal do Deus trino [pai, filho, espírito santo] este sinal deve ser feito os dedos levemente flexionados simbolizando ternura. A acentuação do baixo relevo da divisão das falanges é um indício de que a imagem mostra isso. Os outros dois dedos flexionados simbolizam: verdadeiro homem/verdadeiro Deus...Jesus Cristo.

Com a mão esquerda ele mostra a Palavra de Deus. Em outras representações a Bíblia pode estar fechada ou num rolo, deixando claro que a principal simbologia é a palavra como um todo, e não a inscrição que aproveita-se para fazer nas páginas abertas; como

nesta figura. A vestimenta de Cristo é bela, porém pouco adornada, ela representa a beleza sem suntuosidade que a liturgia deve seguir.

A barriga de Jesus ilustra o feminino, cristo imagem do Deus-mãe, grávida da salvação humana. O trono ilustra a posição de quem preside algo, de quem lidera. A própria imagem ajuda a dar sentido a Sédia elemento básico da liturgia. A auréola mostra se tratar de uma divindade, os 3 traços aparentes no interior da auréola são da cruz que representa o sacrifício. Muitas vezes estes traços da cruz possuem inscrições que simbolizam Cristo, a figura de Cristo, como Filho de Deus é utilizada para representar Deus, pois Ele é a imagem visível do Deus invisível.

O rosto de Cristo expressa o esquema de Rudolf Otto do:

- Deus Tremendum: Temor [tremendum], Poder [Majestas] e Energia [Orgé].

- Deus Fascinans: Santo [Augustos], Prudência [Sebastus]

O leão somado ao anjo, e a águia, são elementos que representam o homem. O leão exprime os sentimentos; a águia o intelecto; o anjo a espiritualidade.

■ SIMBOLOGIA:

O círculo representa o divino e o quadrado o terreno. Pois o quadrado se origina a partir do círculo. Nesta figura vemos o círculo representado pela vesica piscis que é gerada a partir da intersecção de dois círculos, e o quadrado por um retângulo. A vesica piscis simboliza o arquétipo de todas as formas de existência do Mundo transcendente. Jesus inserido no interior da figura simboliza Cristo a imagem de Deus criador.

Todos elementos simbólicos inseridos no interior da vesica piscis fazem menção ao divino, assim como os personagens na periferia da vesica piscis ilustram o terreno. Da forma como estes personagens se organizam origina-se o retângulo. Logo, quando os elementos terrenos buscam as formas do divino, cria-se uma nova forma harmônica com a que lhe deu origem. A passagem do divino pelo terreno é ilustrada pela mão direita que atravessa a elipse. Simbolizando obviamente a passagem do verdadeiro homem, verdadeiro Deus pela terra.

■ SAIBA MAIS.: ■ ■ Blog Dom Ruberval OSB http://livroquadrado.blogspot.com/