Arquitetura Sacra

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ARQ EDUARDO FAUST | CAU A44041-8

Graduado pela Universidade Federal de Santa Catarina UFSC.
Pós-graduado em Espaço celebrativo-litúrgico e arte-sacra na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia de Minas Gerais FAJE.

Em 2005 fundou o escritório FAUST ARQUITETURA

Assina a autoria de mais de 200 construções ligadas a Igreja em mais de 100 cidades em 15 estados no Brasil, México e Portugal.

Ministra palestras e Cursos em Arquitetura Sacra.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

■ COMO PENSAR ILUMINAÇÃO DE IGREJAS ANTIGAS

A igreja do Santíssimo Sacramento e Santa Teresinha de Lisieux é um dos mais importantes monumentos neogóticos do Brasil. A pureza de suas formas e materiais a diferencia de outras importantes obras do mesmo estilo, como a catedral de São Pedro de Alcântara em Teresópolis e a catedral da Sé em São Paulo.


A obra foi projetada pelo engenheiro/arquiteto/construtor Frei Cyríaco, e construída nos anos de 1924 a 1931. A igreja possui elementos típicos da arquitetura gótica: Arco e arcada ogival (campata e arco a sesto acuto), abóbada de arcos cruzados, pilar composto (pilastri compositi), nave central com naves colaterais, vitrais,  clerestório, coro com cruzeiro, altar mor e altares secundários, abside, presbitério com cancelo, etc.

Todos elementos dispostos de forma a obedecer a rigidez modular e formal/estrutural das regras da arquitetura neogótica.
Foto externa: Lucas Padrauzzi | Fonte - panoramio - google.earth




█ RESUMO DO DIAGNÓSTICO DA ILUMINAÇÃO ANTES DA INTERVENÇÃO
■ A assembléia possui  níveis muito baixos de iluminância [abaixo da  norma NBR 5413], sendo a principal reivindicação da comunidade [dificuldade de leitura dos cantos].



■ O conceito da iluminação analisada está focada na beleza dos arcos do edifício
■ A composição arquitetônica do edifício não foi levada em consideração ao se locar as luminárias.
■ A liturgia possui elementos técnicos para que ela aconteça, a iluminação não da suporte a estes elementos [altar, ambão, sédia, assembléia, via sacra].


█ PROPOSTA
Ao se pensar uma intervenção em uma obra de tamanha importância deve-se levar em consideração alguns conceitos.

Os pontos de intervenção que interferem na estética da igreja devem ser  colocados de forma que respeite os elementos compositivos já instituídos, ficando clara a época do acréscimo, para que não se crie simulacros dos tempos da construção do edifício, fazendo com que não se confunda o patrimônio histórico com as intervenções.

Lista de pontos a serem iluminados:
■ Assembléia: Luz de leitura
■ Altar e ambão: Luz de leitura
■ Via sacra: Luz de leitura
■ Altares laterais: Luz de destaque
■ Imagens do presbitério e das naves colaterais: Luz de destaque
■ Arcos: Luz de destaque

A igreja não foi projetada pensando no uso de luminárias em seu interior, em casos como este tenta-se ao máximo esconder as fontes luminosas.

Depois de mapeados os pontos de interesse, diagnosticou-se que a iluminação da nave central e do presbitério, será feita de forma que as luminárias ficarão expostas, e com bastante destaque visual, interferindo na estética. Sendo assim elas devem ser desenhadas respeitando os pontos já citados.

A grande área cubica da Igreja e os poucos pontos para que se possa locar fontes luminosas, acabam por exigir lâmpadas com alto nível de iluminância. O cuidado com o ofuscamento dos fiéis é um ponto chave para o planejamento de tal sistema, sendo assim ela se fará de forma indireta.

Serão projetados anteparos para as luminárias da nave central. Além de evitar ofuscamento trará fácil manutenção e baixo custo.

A luminária fica escondida, logo, as futuras substituições poderão ser feitas por modelos distintos do original. Obedecendo as especificações técnicas, busca-se a luminária com melhor custo benefício, evitando a dependência de um único fabricante.

A estética pode ser feita dialogando com os conceitos específicos de uma obra sacra, sem precisar buscar no mercado uma luminária estéticamente interessante que teria alto custo e pode sair de linha.

O material utilizado [chapa metálica galvanizada com pintura eletrostática fosca]  ajuda no desempenho da iluminação por possuir alta reflexão. Possui alta resistência e peso próprio leve, facilitando a montagem. A peça pode ser retirada e levada para reparos quando necessários, facilitando a manutenção.
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 NBR5413 ILUMINÂNCIA DE INTERIORES
5.3.30 Igrejas e templos.

- nave, entrada, auditórios, sem ofício .......... 30 - 50 - 75 (lux)
- nave, entrada, auditórios, com ofício ........ 100 - 150 - 200 (lux)







 



A estratégia adotada para se conciliar a antiga arquitetura com a intervenção, foi a criação de uma sequência de anteparos e duas luminárias que obedeçam a composição do edifício, tanto na modulação quanto nas formas, trazendo referências históricas da ordem dos Frades Carmelitas.

Foi no símbolo da ordem dos Irmãos Descalços da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo [ou Carmelitas Descalços, ou Frades Carmelitas] que se buscou a referência para a estética do projeto.

As linhas do escudo e as 3 estrelas são os pontos da releitura, como ilustram os desenhos. Apesar de haver uma harmonia o material utilizado contrasta com as paredes do edifício para que se mostre a data de sua intervenção.

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